Mas a espera durou pouco. Poucos minutos após o anúncio da demissão, não só de Ramos, mas também de Gus Poyet, Marcos Alvarez e Damien Comolli (pessoa cuja este blog nutre um grande “apreço”, como pode-se observar num post mais antigo), foi anunciado que o clube negociava com Harry Redknapp, que em cerca de uma hora depois deu uma entrevista confirmando o acerto com os Spurs.
Redknapp, 61 anos, experiente treinador inglês, terá a tarefa de corrigir os erros dentro e fora do campo. Com a demissão de Comolli, será um manager no sentido estrito da palavra, sendo responsável por observar e manter contato com jogadores-alvos, participar ativamente de negociações e de ser, praticamente, o único responsável na escolha dos nomes a serem contratados.

É uma tarefa complexa, mas creio que trouxeram uma pessoa capaz de executá-la. A diretoria acertou ao trazer um treinador que, apesar de pouco respaldo internacional, possui competência atestada na Premier League, que é uma liga cheia de peculiaridades, que o diga Juande Ramos. O treinador espanhol, apesar de dois anos consecutivos no segundo lugar no Ranking de treinadores da IFFHS e com dois títulos da Copa da UEFA com o Sevilla, não conseguiu se adaptar ao estilo de jogo acelerado da Premier League, bem diferente da cadência predominante na Liga Espanhola. Esse fator deixou Ramos perdido, era sensível a falta de direção que afetou o treinador no início dessa temporada, sempre mudando suas escalações na esperança de que alguma delas abruptamente funcionasse, preterindo alguns nomes de qualidade comprovada e que custaram vários milhões aos cofres do Tottenham, o caso, principalmente, de David Bentley.
Harry Redknapp possui currículo modesto, com passagens em equipes de expressões baixas e médias apenas. Seu trabalho começou a ser melhor reconhecido durante a passagem pelo West Ham, quando conseguiu dar estabilidade à equipe na Premier League, alcançando uma oitava colocação em 1998 e uma surpreendente quinta colocação em 1999, levando a equipe a disputar e vencer a Copa Intertoto do ano seguinte. Foi em seu período que jogadores importantes da base dos Hammers como Rio Ferdinand, Michael Carrick, Joe Cole e Frank Lampard (que é seu sobrinho) começaram a ter chance de aparecer na carreira profissional.

No entanto, foi no Portsmouth, clube de até então de pouca relevância, que o trabalho de Redknapp se mostrou de forma mais valiosa, especialmente na sua segunda passagem pela equipe, iniciada em 2005. De um clube recém promovido à Premier League, que lutava para não cair, o Pompey se transformou num postulante a uma vaga nas competições européias, graças, principalmente, à criatividade de Harry. A tônica de sua empreitada no Pompey foi a simplicidade aliada à inteligência. Sem muitos recursos, buscou a contratação de nomes modestos, renegados em outros clubes, e tratou de tirar o melhor desses jogadores, além de apostar em jovens promessas. Os resultados foram excelentes, fazendo com que o clube conquistasse as melhores colocações na Liga dos últimos 50 anos, culminando no título da FA Cup, troféu que a equipe não conquistava desde 1939.
Tudo indica que Harry Redknapp terá uma passagem muito boa por Londres. Com uma estrutura muito bem montada para lhe dar suporte, o treinador deverá aproveitar ao máximo o auge de sua carreira. Particularmente, espero que ele consiga consolidar o talento de alguns de nossos jogadores com muito potencial (como Huddlestone, Bale, Lennon e outros), nos moldes em que realizou no Portsmouth. Que sua passagem seja marcante, de maneira positiva, na história do nosso clube.
Um comentário:
Belo texto Gabriel !
Acredito que ele é o melhor nome disponivel no momento, apesar de não ser fã dele. Pelo menos o cara é experiente, e ta com muita vontade de dirigir um "massive club" como o nosso.
Boa sorte ao Harry !
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